Mulheres ganham menos do que os homens. Será que elas sabem disso?
O Brasil passou da 10ª para a 9ª posição do ranking mundial de desigualdade social. Pela primeira vez, em 23 anos, a renda das mulheres caiu em relação a dos homens: em 2016, nós ganhávamos 72% do que eles; em 2017, a proporção recuou para 70%. A renda dos negros também encolheu: caiu de 57% em comparado com o rendimento dos brancos, em 2016, para 53% em 2017. Esses são dados do relatório da OXFAM Brasil. A ONG mostra, ainda, que a redução da desigualdade estancou pela primeira vez no país em 15 anos.
Na prática, houve aumento da pobreza: em 2017, o Brasil contava com 15 milhões de pessoas consideradas pobres (7,2% da população), pessoas que vivem com renda de até R$ 7,3 por dia, de acordo com o Banco Mundial. Em relação ao ano anterior, um crescimento de 11%. Divulgado no dia 26 de novembro, o relatório revela que crise aumentou o fosso de renda racial e social. As desigualdades entre os rendimentos masculinos e femininos tornam mais distante a equiparação de renda entre gêneros. Enquanto as mulheres têm renda média de R$ 1.798,72, a de homens é de R$ 2.578,15. É fato que os dois gêneros tiveram aumento médio de renda em relação a 2016, mas o incremento na renda de homens foi de 5,2%; o de mulheres, 2,2%.
Quando a análise recai para os 10% mais ricos, a diferença entre os gêneros é maior. As mais ricas ganharam o equivalente a 60% dos ganhos de homens, em 2017. O aumento da renda dos homens mais ricos foi de 19%; a de mulheres, apenas 3,4%. As mulheres mais pobres perderam 3,7% dos seus rendimentos; os homens, 2%.
Falar sobre esses números é dar visibilidade para a urgência de um problema, porque a transparência gera conhecimento compartilhado e dá força para novas decisões mais igualitárias. No Brasil, falar sobre salários não é “elegante”; muitas mulheres, na minha percepção, nem sabem que recebem salários menores do que os homens. Temos que criar formas para equiparar a remuneração de mulheres e homens. Somos bem preparadas; investimos mais em educação; em aprimoramento pessoal e profissional. Já passou da hora de corrigirmos as distorções. Gostaria de lançar uma provocação socialmente saudável: vamos iniciar um diálogo sobre esse tema?
Lu Magalhães
Presidente da Primavera Editorial