O burnout das mulheres no ambiente de trabalho
O relatório Women in the Workplace, que analisa a situação feminina nos ambientes corporativos do mundo, traz com recorrente repetição a palavra burnout (“esgotada”). Um termo usado por mulheres que trabalham e que se deparam com uma exaustão mental e física e que comumente atinge aquelas que estão sempre no controle e demonstram uma forte resiliência emocional até que… atinge um nível insuportável.
A batalha interna e externa travada durante a pandemia cobra, hoje, o seu preço. Temos um contingente de trabalhadoras que, com honestidade, abrem espaço para falar sobre um tema tão delicado em um ambiente hostil e masculino.
Burnout: por que as mulheres não falam que estão esgotadas?
Ao admitir que está esgotada, a profissional abre uma vulnerabilidade que pode ser usada contra ela e barrar sua ascensão na empresa. Pouca gente, no ambiente corporativo, vai lembrar que este estágio de exaustão é resultado de uma série de demandas atendidas, inclusive o apoio dado por essa mulher aos seus pares homens.
As mulheres líderes, sobretudo, têm dado suporte aos seus funcionários, dedicando tempo adicional a esse apoio. De acordo com a pesquisa, as executivas são 60% mais propensas a dedicar horas ao suporte emocional das equipes. Essa é a forma como elas enxergam o que é exercer a liderança.
Diante de uma crise de talentos que tem assolado todo o mundo – especialmente, os Estados Unidos –, esse olhar feminino para o apoio e o suporte para além das questões profissionais é ouro puro.
Pessoalmente, acho incrível esse olhar. Mas, claro, essa sobrecarga é motivo de preocupação.
Como as líderes lidam com o burnout: quem cuida de quem cuida?
Devemos questionar quem cuida de quem cuida. Esse é o ponto crucial. Enquanto assistem toda a equipe e em detalhes, quem se preocupa com o estado de exaustão dessas profissionais? Se são tão valiosas em um momento crítico como esse que estamos vivendo, como as companhias estão lidando com o burnout delas?
Vale lembrar que a pesquisa aponta que uma em cada três mulheres e 60% das mães com filhos pequenos gastam cinco horas ou mais por dia só com tarefas domésticas e os cuidados. Ou seja, elas apoiam na empresa, apoiam na casa, apoiam em cada espaço ocupado. Entretanto, quando vão receber apoio?
E quando vamos falar do burnout e os aspectos interseccionais? Ou seja, o esgotamento da mulher negra e da mulher trans. Vejo e acompanho muitas empresas que têm lidado com questões de gênero somente pelo ponto de vista da equidade. Acho válido! Mas, o problema é muito mais profundo e complexo. Temos que ampliar esse diálogo e construir novas soluções para além da narrativa de inclusão.