Sexualidade em segredo: os casamentos fakes de Hollywood
Você já imaginou ter que se casar só para garantir a sobrevivência da própria carreira? O que parece uma loucura hoje, era muito comum entre os astros do cinema, na década de 1920, na conhecida como a Idade do Ouro de Hollywood. Ou seja, atores e atrizes homossexuais eram obrigados a fazer grandes matrimônios midiáticos, casamentos fakes, – com pessoas do sexo oposto – como forma de garantir a imagem de “mocinha” e “galã”, inclusive, essa “recomendação” constava em contratos nas conhecidas “cláusulas morais”.
Nomes como Rudolph Valentino e Jean Acker parecem ser os primeiros que toparam promover casamentos fakes; eles se casaram em 1919, de acordo com Stephen Tropiano, autor do livro The Prime Time Closet: A History of Gays and Lesbians on TV, em livre tradução, Horário nobre do armário: a história de gays e lésbicas na tevê.
Novos tempos: ser livre para assumir a própria sexualidade
Mas, essas histórias tristes de pessoas que tiveram que se esconder em casamentos fakes para continuar exercendo os próprios talentos estão ficando no passado.
Com entusiasmo, li que Ellen Page – indicada ao Oscar pelo filme Juno – anunciou que passará a assinar como Elliot Page. Na mensagem compartilhada nas redes sociais disse que sente uma imensa gratidão pelas pessoas incríveis que o apoiaram ao longo da jornada. “Tenho sido infinitamente inspirado por tantos na comunidade trans. Obrigado por sua coragem, sua generosidade e trabalho incessante para tornar esse mundo um lugar mais inclusivo e compassivo. Oferecerei todo o apoio que puder e continuarei a lutar por uma sociedade mais amorosa e igualitária”, afirmou, acrescentando que ama ser transgênero e homossexual.
De 1920 para 2020 são 100 anos! Um século para libertar corpos e mentes; para que as pessoas se sentissem livres para assumir quem são; para que não precisassem promover casamentos fakes para serem aceitas pela sociedade. Um tempo considerável, mas que chegou! Óbvio que temos muito a evoluir na busca por uma sociedade com valores mais humanistas, para que as pessoas sejam livres de verdade para escolherem quem querem ser.
Que venham os novos tempos!
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial