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#ANTESDOHAPPYHOUR POR LU MAGALHÃES – COMO EXPLICAR O ESTRANHO ARCO DA PARENTALIDADE PARA NOVAS MÃES?
“Como explicar o estranho arco da parentalidade para novas mães? É como se mudar para um novo país – que é lindo –, mas está envolvido em uma guerra. E aí a guerra acaba e você começa a se reconstruir.”
-Meaghan O’Oconell
Não acredito em acaso. No máximo, em sincronicidade – conceito desenvolvido por Carl Jung para definir acontecimentos que se relacionam não por relação causal, mas por relação de significado. Na semana do Dia das Mães, estou finalizando a edição de Embaraçada, livro da jornalista norte-americana Meaghan O’Connell. É uma obra desconcertante; daquelas que desarmam o leitor pelo alto teor de honestidade. Aos 29 anos, planejando o casamento, Megan se descobre grávida. A partir desse atino, uma enxurrada de emoções – nem sempre são boas, nobres ou o que se espera de uma grávida. Trata-se de um livro que lança um novo olhar para um velho tema.
Entre muito susto, questionamentos sobre a natureza materna das mulheres e um parto difícil, Meaghan me levou a um lugar de profunda reflexão. Será natural esperarmos das mulheres uma adesão incondicional à maternidade? Por que insistimos em falar somente sobre o “lado A” da experiência de dar à luz? A coragem da autora em expor as feridas de todo o processo – o tal país lindo, envolvido em guerra – tocou a equipe feminina da Primavera Editorial.
Ocorre que estamos conectadas com algumas reflexões singulares do feminismo do século XXI – sobretudo do papel das mulheres no processo de apoiar outras mulheres, incentivando-as a expor todos os lados da vivência. Sororidade implica na empatia e na busca por representatividade. E Megan representa uma legião de jovens mães que – a despeito de todo o romantismo e idealização em torno da maternidade – se depara com a realidade: a dúvida, a tristeza, a sensação de não estar pronta, a dor física e emocional, o medo da morte do bebê, a incompreensão do marido… uma lista infindável.
Mas, o que isso quer dizer? Que a nova geração de mulheres não consegue lidar mais com algo tão simples quando parir? Que absurdo! Quer dizer, apenas, que as mulheres têm direito de reagir, cada uma a seu modo, diante de experiências profundamente transformadoras. No que me toca, acredito que o autoconhecimento é peça fundamental para essa liberdade de abordar temas que durante muitos anos foram proibidos. Falar sobre maternidade do ponto de vista dos males? Parecia inimaginável há alguns anos.
Mas, chega de silêncios. Na Primavera, seguimos acreditando no poder da informação; na disseminação de conhecimento inspirador. É nesse contexto que lançamos Embaraçada – obra que se insere no fortalecimento da emancipação da mulher por meio da leitura. Feliz Dia das Mães. Que seja uma data celebrada com toda a honestidade que ela merece.
– Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial