Comportamento | Novas formas de ler o mundo
#antesdohappyhour por Lu Magalhães – Como o ENEM pode ensinar a fina arte de viver em sociedade
Sai geração, entra geração e o trabalho dos pais permanece o mesmo: tentar passar aos filhos a noção de responsabilidade. E, mais ainda, fazer com que assimilem o valor de cada indivíduo na construção de uma sociedade melhor. A cada notícia de desvios de recursos por parte de políticos, por exemplo, enxergamos claramente um atentado ao futuro do país; um risco aos investimentos em Educação, por exemplo.
Com esse cenário em mente – e relembrando os desafios de enfrentei para educar duas mulheres dentro desse ideal social – fiquei perplexa com a enxurrada de críticas para a decisão da ministra da Educação, Rossieli Soares. Ocorre que, em 2017, nos dois dias de ENEM, 208.588 estudantes – isentos do pagamento da taxa de inscrição – faltaram ao exame. Nas últimas cinco edições, as faltas resultaram em um prejuízo de R$ 962 milhões aos cofres públicos, de acordo com o Inep. Diante desses números, a ministra decidiu que os alunos que faltaram ao exame, no ano passado, só terão a gratuidade em 2018, se justificarem essa falta. A taxa é de R$ 82.
A decisão, que na minha percepção parece justa, causou celeumas. A reclamação mais corrente foi a de limitação de concessão de direitos. Uma medida que visa garantir o não desperdício de recursos públicos. “Isso é muito dinheiro e uma ambição do processo é trazer responsabilidade. As pessoas têm direito à isenção, mas também têm o dever de justificar se não comparecer para manter o direito”, afirmou a ministra em entrevistas à imprensa.
É claro que temos que estar atentos às decisões do governo; é claro que temos que zelar pelos nossos direitos. No entanto, temos que ter o mesmo zelo pelos nossos deveres. É disso que se trata! E estamos falando, também, de transformar oportunidades como estas para ensinar nossos filhos sobre as responsabilidades individuais que impactam na sociedade. Sabe aquela história de que mundo deixaremos para os nossos filhos? Então, que filhos deixaremos para o nosso mundo é uma questão tão importante quanto a anterior.
Debater essa decisão do ENEM com os filhos é uma forma de falar sobre cidadania e como cada indivíduo para colaborar para um Brasil melhor.
– Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial