Vítimas da violência física e econômica
As mulheres vítimas de violência enfrentam o medo, a vergonha e a dependência financeira – esses fatores, juntos, dificultam a denúncia. Uma reportagem veiculada na TV Globo mostrou que muitas deixam de denunciar os autores da agressão – maridos e companheiros, em especial – pela absoluta falta de recursos para se manterem financeiramente. De acordo com dados do Senado Federal, 30% das mulheres vítimas de violência são dependentes do agressor; entre as que estão empregadas, a violência afeta o desempenho, fazendo com que faltem ao trabalho dezoito dias por ano e tenham queda de 50% na produtividade, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho.
Mas, boas notícias começam a surgir. Parcerias entre polícia, justiça e empresas têm transformado a vida de inúmeras mulheres. Em São Paulo, um projeto encaminha mulheres para vagas em empresas; em dois meses, a iniciativa já beneficiou sessenta mulheres. É obvio que se trata de um projeto maravilhoso, mas como evitamos que as mulheres cheguem à essa situação de opressão física e financeira?
Michelle Obama tem a resposta. A ex-primeira dama dos Estados Unidos lançou, em 11 outubro – Dia Internacional da Menina –, uma plataforma para investir na educação de garotas. É uma iniciativa de financiamento colaborativo que permite a qualquer pessoa investir em projetos de educação para meninas conduzidos em seis países (Estados Unidos, Uganda, Malawi, Índia, Gana e Guatemala). No mundo, 98 milhões de garotas não estão na escola – segundo dados da USAID, agência norte-americana para desenvolvimento internacional. Entre as razões, falta de dinheiro, gravidez precoce, ameaças de segurança e falta de suporte familiar.
Com a Global Girls Alliance, Michelle Obama pretende evitar que garotas desistam da escola por imposições alheias. Quando pensamos que uma mulher com acesso a estudo ganha salários mais altos, tem mais independência e poder de escolha… impossível não ficar confiante com a iniciativa. No artigo Educate every girl, ela salienta: the future of our world is only as bright as the future of our girls (em tradução livre: o futuro do nosso mundo é tão brilhante quanto o futuro de nossas meninas).
Lu Magalhães
Presidente da Primavera Editorial