Mulheres na política: símbolo de empatia, mãe e primeira-ministra
Dizem que o poder não muda as pessoas… revela! Mas, mais do que acreditar nessa sabedoria popular, vi nitidamente esse comportamento na conduta de Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia. Além de exemplo, ela virou símbolo de empatia para muitos depois do atentado de Christchurch, na Nova Zelândia.
Exemplo para líderes sobre como agir em momentos de crise, essa jovem mulher de trinta e poucos anos conduziu o país de forma empática, após os ataques nas mesquitas de Christchurch – que mataram 50 pessoas e deixaram diversos feridos em março desse ano.
O que um líder faz em momentos de tragédia?
Diante do atentado, rapidamente, ela anunciou a proibição de armas automáticas e semiautomáticas no país; e, com respeito e pulso firme para combater o ódio e a violência, alertou todos sobre os riscos de disseminara intolerância nas redes sociais. Em uma das aparições, usou o hijab (lenço usado pelas mulheres muçulmanas) em uma clara demonstração de apoio e solidariedade.
Em meio à dor de ver a face da intolerância religiosa, Jacinta nos fez pensar. Em seus discursos, a política se recusou a dizer o nome do suspeito dos ataques; na prática, se negou a dar notoriedade ao assassino de tantas vidas neozelandesas.
E atenção para isso! A primeira-ministra não tratou nenhuma vítima como refugiado ou estrangeiro; antes, tratou-os como seres humanos e cidadãos da Nova Zelândia. Entendeu porque ela virou símbolo de empatia?
Em 2018, Jacinda foi notícia por levar a filha de três meses à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Acompanhada de Clarke Gayford – seu companheiro e pai da criança, cujas as despesas da viagem a Nova York foram pagas pelo casal, sem onerar os cofres públicos – a premiê e mãe cumpriu o papel de chefe de Estado e desafiou os conservadores que questionaram se seria possível a uma mulher exercer as duas funções ao mesmo tempo.
Em janeiro desse ano, durante uma entrevista à BBC, afirmou que essa está sendo uma experiência valiosa, que a torna mais próxima das mulheres que administram o trabalho e as responsabilidades familiares. Novamente… empatia!
Claro que quase cedo à tentação de creditar esse jeito de liderar ao fato de ela ser uma mulher. Mas, não! Essa forma de liderar o país – e a própria vida – é mérito de um ser humano profundamente empático e determinado a fazer desse mundo um lugar melhor. Não estamos, sobretudo os brasileiros, acostumados a associar política a comportamentos éticos. Por aqui faltam símbolos de empatia, como Jacinda.
Estamos errados. É possível fazer política e se manter ético. Jacinda é um dos melhores exemplos disso.
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial.