Sínodo para a Amazônia: a presença das mulheres
O Sínodo para Amazônia foi uma resposta do Papa Francisco à realidade da Pan-Amazônia. E, em várias entrevistas, Dom Erwin Kräutler, bispo emérito do Xingu, afirmou que a contribuição das mulheres foi o ponto alto do Sínodo para a Amazônia – um encontro de bispos da Igreja Católica, que reuniu religiosos do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Suriname -, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”.
Essa é a primeira vez que a voz feminina é ouvida desde as reuniões preparatórias para o Sínodo; os relatos de povos locais e pedidos de ajuda foram levados por elas até o Vaticano. Essas 38 representantes integram lideranças indígenas, são especialistas em temas ligados ao meio ambiente e pesquisadoras. Para Kräutler, são as mulheres que mais participam das ações sociais; que são resistência e não mudam de posição quando são contrárias a certos projetos; são elas que pensam no futuro e nas próximas gerações.
As mulheres no Sínodo para a Amazônia: um marco
Na minha visão, estamos diante de um marco não apenas para os católicos do mundo, mas para todos nós que defendemos uma sociedade mais igualitária e que respeite as mulheres.
Como resultado dessa participação, o sínodo deve compartilhar experiências e reflexões com a Comissão de Estudos sobre o Diaconato das Mulheres – uma iniciativa criada pelo Papa Francisco, em 2016. Esse documento a ser compartilhado, recomenda a criação de um ministério instituído para a mulher dirigente da comunidade; reconhece, ainda, que a mulher deve assumir a liderança no seio da igreja. Segundo o papa, “ainda não entendemos o significado das mulheres na igreja; o papel delas deve ir muito além das questões de função”.
Há um longo caminho pela frente para que as mulheres conquistem o seu espaço dentro de estruturas religiosas mais tradicionais. Mas, não deixa de ser animador vermos esses pequenos sinais de evolução. Que a força feminina possa derrubar as últimas barreiras que nos impedem de ocupar os espaços. Lugar de mulher é onde ela quiser, não é?!
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial