As diferentes faces da violência contra a mulher
Passou da hora de enxergarmos as diferentes faces da violência contra a mulher. E, para quem acredita que leis para proteger as mulheres, são frutos de uma militância histérica e sem sentido tangível – como muitos machistas classificam as reinvindicações femininas por respeito –, recomendo que assista a uma reportagem do Fantástico (TV Globo) com histórias reais de desrespeito aos direitos humanos; de violência psicológica e física contra as mulheres.
Devemos travar uma luta diária contra o preconceito, o sexismo, a misoginia e tantas outras mazelas que comprometem o futuro de uma sociedade igualitária.
Alguns casos de violência contra a mulher: precisamos falar sobre isso
No Brasil, os números mostram que, desde 1995, uma força-tarefa já resgatou mais de 55 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão, porém, somente em 2017, ocorreram os primeiros resgates de trabalhadoras domésticas.
Madalena
Aos oito anos, ao ser deixada sob os “cuidados” da nova família, Madalena Gordiano ainda não tinha entendimento sobre o que tinha ocorrido, mas algo fora interrompido: sua infância fora ultrajada, seus direitos foram desrespeitados, assim como seus sonhos infantis.
Instrumentos de trabalho substituiriam seus parcos brinquedos, e o convívio com os pais, com a família de sangue, cederia lugar ao novo ambiente, que, na maioria das vezes, se apresentava insalubre e solitário.
Em novembro de 2020, após 38 anos vivendo em situação análoga à escravidão, uma ação da polícia a libertou da violência física e mental praticada por uma família em Minas Gerais.
E, essa semana, oito meses depois de ser libertada, Madalena foi notícia novamente depois de fechar um acordo na Justiça do Trabalho, com a família que a manteve escrava.
Leda
Leda, também resgatada de situação similar à de Madalena, conserva no comportamento traços de uma infância usurpada e, agora, na tentativa de se reconciliar com o passado perdido, confecciona bonecas de pano, o que lhe era proibido na casa da “patroa”.
Ela era obrigada a dormir em um quarto sem energia elétrica e, por essa razão, não tinha condições de se dedicar ao hobby que lhe amainava a dor da alma.
Na entrevista ao Fantástico, ela cita as constantes agressões verbais. Um dano psicológico irreparável!
Tragédias reais, que ocorrem na vida de milhares de mulheres que são escravizadas diariamente em pleno século 21.
Quando a violência contra a mulher é “em família”
Um outro caso notório que ganhou as redes sociais nas últimas semanas, envolve um casal: o DJ Ivis e a influencer Pamella Holanda.
Para mim, o que aconteceu, foi um convite a refletirmos sobre a importância da denúncia de violência contra a mulher.
Muitas mulheres não denunciam os seus agressores por medo de serem desacreditadas.
E, nesta história específica, a gravação para acompanhar o bebê e a babá foi fundamental para que o marido violento fosse responsabilizado.
Mas, se não fossem as imagens, será que teriam acreditado nela? Triste pensar que não.
Como uma sociedade contemporânea não tem medidas e instrumentos legais para punir agressões e violência contra a mulher, de todas as formas possíveis?
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Violência psicológica pode virar crime
Precisamos falar sobre essas questões tão vergonhosas, que ferem o direito de um ser humano se desenvolver em sociedade, ter escolhas e ter seus direitos básicos respeitados.
Por exemplo, sabia que a violência psicológica contra as mulheres ainda não é considerada crime?
Somente na semana passada, o Senado aprovou essa inserção no Código Penal brasileiro que no momento, aguarda a sanção do presidente.
Mas, o que esta lei significa?
Na prática, causar dano emocional à mulher – que prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento feminino, que vise degradar ou controlar as ações, os comportamentos, as crenças e as decisões dela mediante ameaças – pode virar crime. Finalmente!!!
Que as vozes que clamam por liberdade sejam ouvidas para lutarmos contra o preconceito, o sexismo, a misoginia e tantas outras mazelas que comprometem o futuro de uma sociedade igualitária. Pelo jeito, o caminho ainda é longo!