Sobre liderança feminina: afinal, mulher é tudo igual?
Será mesmo que mulher é tudo igual? Ou os homens são todos iguais? Nós ou eles, a frase é a mesma, só muda o gênero. E uma outra diferença é que usamos essa máxima por motivos emocionais; eles, por julgamentos profissionais. Ser liderado por uma mulher ainda é motivo de conflito em várias companhias. Sim, vamos falar sobre liderança feminina e sobre essa frase tão repetida por aí: afinal, mulher é tudo igual?
Liderança feminina: os dois lados da moeda
Ou a chefe é emotiva e toma decisões equivocadas movida por sentimentalismo, ou tem a mão pesada porque quer se igualar aos homens. Algumas empresas, em contrapartida, contratam líderes mulheres por acreditar que toda a mulher sabe gerir equipes – que a essência materna torna essa gestora mais propensa a entender diferentes talentos e personalidades dentro time.
Mas, mulher não é tudo igual. Homens também não.
Muito além do gênero
Dizem que a gestão feminina é orientada às pessoas; que tende à cooperação; que tem capacidade de agir em muitas direções; é uma liderança horizontal; e tem predisposição à mudança. Caramba! Já tive chefes mulheres que estavam quilômetros desse manual da líder perfeita!
Sobre liderança feminina no mundo
Primeira mulher na Grã-Bretanha a ocupar o cargo de primeira-ministra, Margaret Thatcher passou para a história como uma governante dura, intransigente, inflexível. Com os sindicatos britânicos travou lutas homéricas ao longo dos 11 anos em que se manteve no cargo. Líder do partido conservador, ficou conhecida como “A dama de ferro”.
Vinte e seis anos depois, assume “A dama de gelo”, Theresa May – segunda mulher a ocupar o cargo de premiê e que redefine o modo conservador de gerir o país.
Lógico que são contextos históricos diferentes, e o estilo de exercer o poder difere ainda mais, embora ambas sejam conservadoras.
Angela Merkel, chanceler alemã, é um outro exemplo de liderança feminina. Eleita pela Forbes a mulher mais poderosa do mundo é líder do Partido Democrata Cristão da Alemanha.
Três mulheres; três exemplos distintos de liderança feminina. O fato é que ser mulher é ter que lidar constantemente com estereótipos. É bem cansativo! O mundo masculino corporativo não perdoa as mulheres que chefiam.
O que eu penso sobre liderança feminina
Em minha carreira vivenciei todo o tipo de experiências na temática. Como líder e empreendedora, também sou objeto de pré-conceitos.
Muitos acham que o meu modo de liderar está focado em ditar regras e garantir que sejam cumpridas à risca. Sinceramente não vejo o menor sentido em contratar pessoas competentes e dizer a elas como devem agir! Ou seja, fazer isso só faria eu propagar mais estereótipos baseados em repertórios sem o amparo da realidade.
Aliás, prefiro respeitar talentos e fluxos de trabalho criados coletivamente – independente da minha proximidade ou simpatia por um projeto específico. Isso faz de mim uma liderança feminina?! Quanta bobagem!
Acredito no talento das pessoas; na forma de viver e pensar construída a partir de experiências e vivências pessoais – não no estereótipo do gênero.
Mas, também acredito em mulheres ajudando mulheres a não perpetuar julgamentos e preconceitos em todas as esferas da vida. Como dizia Simone Beauvoir:
“Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.”
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial.