Positividade tóxica: seja um otimista mas não perca a empatia
Modinha na internet, esse conceito de positividade tóxica se refere à onda de otimismo tolo; essa coisa de ter que estar sempre contente, sempre postando fotos que ilustram o quão perfeita a vida é. E, também, a expressão serve para classificar essa mania de diminuir a dor do outro com conselhos levianos. Por exemplo, acabou um relacionamento? Não fique triste! Positividade para logo arrumar um novo amor. O luto é proibido!
Sou uma otimista confessa. Mas, uma otimista pragmática. Na prática, eu sou positiva mas com os pés no chão, procuro analisar as situações desafiadoras com a serenidade necessária para encontrar soluções viáveis e factíveis. Com isso, enxergo possibilidades onde há escassez. Procuro sempre me conectar com a solução, nunca com o problema!
Mas, para encontrar soluções, é necessário vivenciar e mergulhar no problema de forma lúcida – importante salientar. Com esse modo de enxergar a vida é natural que o tema “positividade tóxica” tenha me chamado a atenção.
Positividade tóxica: cuidado com as palavras
Ninguém é feliz o tempo todo. Mas, qual é a diferença entre uma pessoa positiva/otimista e uma que pratica a positividade tóxica? Segundo a pesquisa que fiz, algumas frases/comportamentos podem tornar tangível a resposta. Diante de um amigo, que contou um determinado problema, o tóxico responde com frases como…
– Você vai superar!
– Apenas seja positivo!
– Somente boas vibrações!
– Pare de ser tão negativo!
Uma pessoa positiva e verdadeiramente empática – e a empatia é muito importante cultivar, ao longo da vida –, por sua vez, responde de outra forma.
– Isso é difícil, mas você já passou por outros desafios antes. Eu acredito em você e estou aqui para apoiar no que for preciso. Conte comigo.
– Eu sei que muita coisa pode dar errado. Mas, muita coisa pode dar certo! Quer ajuda para analisarmos a situação e pensarmos em estratégias para potencializar as chances de sucesso? Como posso ajudar?
– Todas as vibrações e sentimentos são legítimos.
– É bem comum ter alguma negatividade nessa situação.
Parece bobagem, mas acredito ser essencial falarmos sobre os modismos que alteram o comportamento social. Após enfrentar as situações mais difíceis, penso ser importante refletirmos sobre os aprendizados que tivemos com a situação – seja ela qual for. Sinto que, no intuito de passar logo pelo momento difícil, em geral, o que se faz é tentar “apagar” os sentimentos e a lembrança das situações. E, muitas vezes são exatamente nessas situações que crescemos e nos fortalecemos.
Substituir a positividade tóxica pela positividade empática é, na minha visão, bem relevante no processo de construção de uma sociedade melhor.
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial