Ser vulnerável é um sinal de fraqueza?
O que é ser vulnerável? Muito se tem falado sobre o poder da vulnerabilidade. Esse é, inclusive, o título de uma palestra com mais de 35 milhões de visualizações – está entre os cinco mais assistidos do mundo –, proferida por Brene Brown, no TEDxHouston.
Estudiosa da conexão humana e das respectivas relações com habilidades como sentir empatia, amar e pertencer, a cientista social norte-americana é autora do livro Coragem para Liderar e de outros três best-sellers do The New York Times. Mas, antes, vamos refletir: o que ser vulnerável tem a ver com ter coragem? E, qual o motivo do tema ser tão importante nas sociedades contemporâneas?
Sobre ser vulnerável
Na minha percepção, a relevância reside em uma questão de sobrevivência. Ou seja, a forma como temos conduzido nossas vidas, pessoais e profissionais, tem afetado a saúde mental de todos; o ‘ser perfeito’, ‘ ser feliz’, são mitos que a gente alimenta o tempo todo e, essa história de ser super-herói ou super-heroína tem nos causado muitos danos, principalmente psicológicos.
Mas, afinal, o que é ser vulnerável? Para Brene, embora a vulnerabilidade seja definida como algo incerto, arriscado e com potencial de nos expor emocionalmente – criar situações vexaminosas e delicadas – ela é algo positivo, pois dela nascem as emoções mais humanas; inclusive, o amor.
Coragem X vulnerabilidade
Mais do que isso, ser vulnerável é a base da coragem. Explicando melhor, só teremos coragem (de verdade!) se aceitarmos a nossa vulnerabilidade e a do outro.
“Não é o crítico que importa; nem aquele que aponta onde foi que o indivíduo tropeçou – ou como o autor das façanhas poderia ter feito melhor. O crédito pertence àquele que está por inteiro na arena da vida, cujo rosto está manchado de poeira, suor e sangue; que luta bravamente; que erra, que decepciona, porque não há esforço sem erros e decepções; mas que, na verdade, se empenha em seus feitos; que conhece o entusiasmo, as grandes paixões; que se entrega a uma causa digna; que, na melhor das hipóteses, conhece no final o triunfo da grande conquista e que, na pior, se fracassar, ao menos fracassa ousando grandemente”. (Brene Brown)
Acho interessante também a forma como Brene refuta alguns equívocos sobre o que é ser vulnerável. Ela mostra o quanto o nosso repertório está errado.
Por exemplo, acreditamos que vulnerabilidade é um sinal de fraqueza. Quando, na verdade, trata-se de uma condição para nos tornar mais fortes. Ou que a vulnerabilidade seja confissão. Longe disso. É preciso estabelecer limites para não confundir uma demonstração de vulnerabilidade com arroubos de confissão, manipulações emocionais ou desespero.
E você, é corajoso o suficiente para ser vulnerável? Como lida com a própria vulnerabilidade?
Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial