Saúde mental: a fragilidade humana das superatletas
A fragilidade emocional é incompatível com os superatletas? Essa pergunta se tornou presença constante nas reportagens, depois da desistência de Simone Biles, ginasta que conquistou quatro ouros olímpicos e que decidiu, para preservar sua saúde mental, abandonar algumas etapas dos Jogos de Tóquio.
Quando Simone Biles diz “sou mais do que as minhas realizações”, ela abre uma porta enorme para pensarmos e falarmos sobre saúde mental. Não existem super-humanos. E tudo bem!
Atletas de alta performance e saúde mental
Com uma coragem admirável, essa jovem mulher nos lembrou que somos humanos e que devemos focar em nós mesmos, quando não estivermos bem de verdade.
Mais do que isso, afirmou claramente que fisicamente está bem, mas que emocionalmente tem vivido momentos de instabilidade devido a pressão toda em volta da atleta.
Na reportagem É ok não estar ok, da Folha de S.Paulo, um dado interessante: o ídolo da natação Michael Phelps foi o primeiro da falar abertamente sobre a saúde mental ao narrar a sua luta contra pensamentos suicidas.
Outros casos de atletas que falaram sobre saúde mental
Naomi Osaka, tenista japonesa, é um outro exemplo da pressão sofrida pelos atletas. Em maio, ela abandonou o torneio de Roland-Garros em prol da saúde mental. Nas Olimpíadas, foi escolhida para acender a tocha, mas teve uma participação bem apática e foi eliminada no seu primeiro jogo.
E, se formos analisar a extensa lista de superatletas, vamos ver que muitos deles sofrem do mesmo problema. A Síndrome de Overtraining, classificada por psicólogos, é muito comum entre os atletas de alta performance. Ela mostra que devemos cuidar não apenas da saúde do corpo, mas também da mente.
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Quando Simone diz “sou mais do que as minhas realizações”, ela abre uma porta enorme para pensarmos e falarmos sobre o tema. Não existem super-humanos. E tudo bem! O que não está nada bem é a forma como muitos trataram a questão, ou seja, criticando-a por ter desistido, por falar de maneira clara sobre algo que não deveria ser um tabu.
Para irmos além do esporte, um aspecto importante é entender que as pressões internas e externas sofridas por mulheres negras, por exemplo, são diferentes das enfrentadas por homens.
E isso é só um ponto. Enxergar particularidades dessa luta por manter a saúde mental é fundamental para qualificar essa conversa que diferentes atores da sociedade têm que ter.
Foi o que Simone nos ensinou: que nós temos limites e precisamos respeitá-los; que precisamos valorizar o equilíbrio interno e reconhecer (e celebrar) a nossa humanidade. E, pasmem! Ela voltou para competir e levou a medalha de bronze para casa.