Brasil é o quinto na lista dos países com mais crimes de gênero
Vencer o silêncio, que também é uma violência tremenda, é muito importante. A campanha internacional, que está sendo conduzida pela ONU Mulheres, é parte dessa militância que busca dar visibilidade a um problema tão sério e presente nas sociedades contemporâneas: os crimes de gênero. E já passou da hora de darmos um basta!
A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou uma campanha internacional contra a violência de gênero com ações – que integram uma agenda global – que devem ser conduzidas até 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos.
No Brasil, mais do que bem-vinda, a iniciativa é absurdamente necessária. De acordo com o relatório da ONU Mulheres, o nosso país é o quinto em um ranking vergonhoso de nações com o maior número de crimes de gênero.
Destaco, na programação brasileira, um bate-papo que acontecerá em 3 de dezembro, às 20 horas, sobre a invisibilidade social das mulheres com deficiência.
Vencer a violência do silêncio é parte essencial da luta.
Dados da ONU assustam
No levantamento da ONU Mulheres, realizado em 13 países, é estarrecedor saber que, durante a pandemia, o número de casos de violência doméstica subiu em todo o mundo. Os dados mostram que duas em cada três mulheres relataram sofrer ou conhecer alguém que vivencia algum tipo de violência. Embora os casos sejam abundantes, apenas 10% denunciam as agressões. Voltando ao Brasil, de acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, mais de 100 mil casos ocorreram desde o início da pandemia.
De acordo com os realizadores do mapeamento, essa violência se manifestou e tomou a forma do abuso verbal (50%), do assédio sexual (40%), do abuso físico (36%), da negação das necessidades básicas (35%) e da proibição de comunicação com outras pessoas (30%). Ou seja, é crucial reconhecermos as diferentes faces que a violência contra as mulheres assume.
Um ponto que chama a atenção é que uma em cada quatro mulheres ouvidas afirmou se sentir mais insegura dentro de casa!
Crimes de gênero: “o que eu tenho a ver com isso?”
Neste contexto, chamo a atenção para uma lei – aprovada em vários Estados – que demanda que síndicos ou representantes dos condomínios denunciem casos de violência doméstica. Em São Paulo, a lei entrou em vigor em novembro de 2021, mas não prevê punição em caso de descumprimento.
Na Bahia, por sua vez, a Lei 14.278 estipula pena de multa que varia entre R$ 500 e R$ 10 mil para quem não cumprir o dever. Claro que em um mundo ideal não precisaria de lei, somente solidariedade.
Mas, de qualquer forma, já é um avanço no combate à máxima cultural de que “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”.